Além da responsabilidade de ser mulher, tem a responsabilidade de ser mãe

Às 5h da manhã o despertador toca e começa a correria: café da manhã, dar banho nos filhos, correr para atender os horários da escola, do trabalho, a vasta agenda e compromissos profissionais. No intervalo para o almoço, outra maratona: sair do trabalho, buscar as crianças, dar almoço, levá-las ao colégio e voltar para a agenda laboral.   

 
No final do expediente, hora de sair do trabalho, buscar as crianças na escola, dar banho, preparar o jantar, fazer os exercícios da escola, ter o momento de interação para processar todas as vivências do dia e, então, colocá-las para dormir. Essa é a realidade de milhares de mães. E para homenageá-las o Sindifisc-MT preparou essa matéria especial.
 
E para mostrar essa realidade vamos falar sobre a Mariana Barbosa Lemes Cabral, 39 anos, mãe, esposa e profissional. “Esse é um grande desafio da atualidade, porque a cobrança é maior, muitas vezes por nós mesmas. Estamos sempre querendo fazer o melhor em todas as nossas atividades, mas nem sempre é possível, e nos culpamos por isso, principalmente no papel de mãe. Penso que essa busca pelo melhor é o instinto de toda mulher”, contou.
 
Mariana é bacharel em direito, funcionária pública, servidora do Conselho de Medicina de Mato Grosso, sindicalizada e também diretora do Sindifisc-MT. 
 
Maior desafio? Para Mariana é a satisfação pessoal e profissional, principalmente nesse momento de incerteza em que o mundo está passando com a pandemia da Covid-19. Onde a maior satisfação e até mesmo privilégio é poder passar o Dia das Mães com os filhos e familiares.
 
Mariana disse que se sente privilegiada, pois o esposo participa ativamente nas atividades domésticas e também nos cuidados com a única filha do casal, o que facilita e muito o dia a dia e o bem estar da família. Mas nem sempre isso acontece em outras famílias. “Essa participação ativa do meu esposo é essencial para que eu possa me empenhar nas minhas atividades profissionais, conciliando com os cuidados com a casa, com minha filha e comigo mesma”, pontuou Mariana.
 
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a elevação da participação feminina no mercado de trabalho configura-se como um dos fenômenos mais marcantes ao longo das últimas décadas. Ainda assim, as atividades dedicadas aos afazeres domésticos recaem majoritariamente sobre as mulheres, o que traz consequências ainda mais significativas para as mães.
 
A presidente do Sindifisc-MT, Rolsangela Vieira explica que ainda existe a cultura da divisão sexual do trabalho onde cabe às mulheres, mesmo àquelas que trabalham fora de casa a responsabilidade de acompanhar os filhos. As que não trabalham fora ficam com a responsabilidade integral de cuidados da família, além dos cuidados da casa.
 
Além da responsabilidade de ser mulher, tem a responsabilidade de ser mãe. “Ser mãe significa que a sociedade ainda cobra delas o acompanhamento e sucesso dos filhos. Se eles têm problemas na escola, ou se possuem alguns conflitos quando adolescentes, a responsabilidade ainda é delas”, apontou Rosangela.
 
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que, nas atividades de afazeres domésticos, as mulheres trabalham, em média, pelo menos o dobro que os homens. No Brasil, essa diferença é ainda mais expressiva. Enquanto os homens dedicam aproximadamente onze horas semanais a afazeres domésticos, entre as mulheres brasileiras, a média de horas dedicadas a essas atividades é em torno de vinte e seis horas. 
 
Ainda de acordo com os dados da OIT, no mercado de trabalho, os homens brasileiros trabalham, em média, quarenta e três horas por semana, enquanto as mulheres trabalham em torno de trinta e seis horas por semana. Considerando o total de horas trabalhadas, a média para as mulheres, 62 horas semanais, é superior à dos homens.
 
Essa realidade tem transformado a configuração da sociedade, como a diminuição da taxa de natalidade. 
 
No Brasil, ser dona de casa ou ser mãe não tem nenhum reconhecimento do ponto de vista institucional. Em outras países, o fato de a mulher gerar filhos, procriar futuros cidadãos para o Estado, traz a garantia de direitos previdenciários, como por exemplo na Noruega. O tempo de trabalho em que as mulheres se doam em detrimento da criação dos filhos é dado gratuitamente ao Estado, quando não computado nas contas públicas.
 
“Infelizmente essa é uma realidade ainda distante da nossa. Sei que ser mãe não é nada fácil, entretanto, é algo de valor inestimável e deve ser valorizado”, disse Rosangela.
 
Rosangela contou que que a intenção dessa matéria especial foi prestigiar essas mães guerreiras que têm uma tripla jornada de trabalho, cuidar da casa e dos filhos. "A todas as mães que cuida do lar, trabalha em casa, trabalha fora e cuida de si tem o nosso respeito. Eu e a diretoria do Sindifisc-MT parabenizamos e dedicamos a nossa luta a vocês".